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On.FM

Impacto das Radiofrequências no ambiente

Introdução

Com a realidade tecnológica a avançar de forma extraordinariamente rápida, a nossa sociedade tende a procurar novas formas de apostar na inovação, de modo a conseguir acompanhar essa corrida abismal nos campos da utilidade e reaproveitamento energético, além do aperfeiçoamento dos aparelhos e da tecnologia já existente. A ânsia do Homem em modificar o ambiente incessantemente não permite a sua reflexão sobre o impacto na vida ambiental.

Desenvolvimento

O desenvolvimento da economia de um país passa, entre outros fatores, pelas suas condições de abastecimento energético que quanto mais eficiente mais favorável será, porém, grandes desastres ambientais poderão ocorrer devido à energia gerada e do aumento da liberdade de consumo. À medida que estes processos são levados a cabo, a radiação eletromagnética emitida em larga escala é praticamente imperceptível. Não obstante, esta pode evidenciar severas implicações no paradigma ambiental e, consequentemente, na biodiversidade.

Ao nível das grandes metrópoles, o intenso consumo e uso iminente de diversos dispositivos tecnológicos emissores de radiação como computadores e telemóveis tem-se tornado algo preocupante, o que concentra a atenção por parte de inúmeras organizações cuidadoras e defensoras do ambiente. A questão aqui é o uso sustentável dessa tecnologia que há muito nos tem atraído e assim há-de continuar, ou seja, não devemos focar-nos exclusivamente no conforto e no prazer propiciados por estas tecnologias, mas ter em conta que por detrás disso existem cenários energéticos que do ponto de vista ambiental podem tornar-se relevantes ou polémicos. Analisemos as associações entre estes dois tópicos:

Por um lado, os sistemas RFID (identificação por radiofrequência) conseguem de facto contribuir para a preservação da nossa fauna e flora nomeadamente no que toca à  maior fiabilidade quando comparados com sistemas antigos utilizados devido à sua resistência a climas extremos e condições ambientais mais desfavoráveis. Posteriormente, é de salientar que através da utilização deste tipo de sistemas consegue poupar-se grandes quantidades de recursos materiais e custos de fabrico desses mesmos produtos. Como prova disso, estão em vigor diversas plataformas comerciais que procuram inovar as remessas de produtos e as viagens por vezes desnecessárias dos consumidores. De igual modo, com a presença dos “QR Code Systems" é importante salvaguardar a sua capacidade de preservação ambiental, através justamente de deslocações e uso de meios de transporte que não precisam de ocorrer por parte dos leitores. Além disso, os sistemas RFID facilitam por serem substitutos de baterias, reutilizáveis e incrivelmente duradouros.

Por outro lado, tem as suas limitações: implicam custos de fabricação e manutenção que, certamente, provocam um impacto ao nível do ambiente. As instalações deste sistemas exigem, por vezes, destruição de habitats e alteração paisagística refletindo-se diretamente na biodiversidade local e na gestão dos recursos naturais; também as etiquetas e a sua comercialização podem surgir como uma ameaça ao paradigma ambiental; metais, plásticos e outros resíduos sólidos contaminantes de águas residuais podem apresentar concentrações que excedam os limites regulamentados. Deste modo, compreende-se em particular, que as radiofrequências, ao permitirem que fiquemos em casa e comuniquemos à distância, contribuem, ainda que indiretamente, para o aumento do consumo doméstico e despesa extraordinária, mais uma vez “encostando o ambiente à parede”.

De acordo com um estudo publicado na revista “Nature”, a exposição a diversos campos eletromagnéticos de baixa intensidade para o Homem, como os aparelhos de rádio, computadores e telemóveis pode afetar a capacidade de orientação das aves migratórias, o que levanta uma série de questões relativamente à segurança dos dispositivos móveis e da sua emissão de radiações. Este tipo de resultados contrariam o uso de telemóveis e outras fontes de radiofrequências que possam causar danos colaterais ao ambiente e à biodiversidade. 

Outras pesquisas e publicações científicas têm demonstrado a ausência de evidências associativas entre as radiofrequências e a vida animal, por exemplo, na redução do número de abelhas, o que, provisoriamente, coloca de lado a hipótese de disseminação de distúrbios em colónias provocados pelos sinais e respetivos campos eletromagnéticos.

A comunidade de cientistas de um Parque Nacional da Austrália destacou-se ao instalar redes de sensores sem fios, microfones, câmeras de vídeo em movimento alimentadas a energia solar, infravermelhos entre outros, em prol de facilitar a monitorização e consequentemente a saúde dos ecossistemas da região. Desta forma, a transmissão de dados e a recolha de informações sobre fatores que influenciam os ciclos reprodutivos das espécies permitiu proteger e restaurar os ambientes, contribuindo para o potencial das florestas da região em volta. Simultaneamente, países como a Flórida já apresentam formas de rastreamento de espécies não nativas e por isso indesejadas através da implementação de sistemas RFID. 

A utilização desta tecnologia permite-nos desativar vários equipamentos elétricos outrora propostos tanto a nível residencial como nos setores industriais e grandes superfícies de comércio. Finalmente, o uso destes sistemas possibilita também a redução das taxas de emissão de carbono comprovado já em alguns aeroportos através da gestão de transporte de passageiros na chegada ao aeroporto, o que evita a densa poluição aérea urbana.

Conclusão

Em suma, os sistemas RFID e a conjunta emissão de radiofrequências devem ser devidamente controlados, pelas respetivas fontes emissoras e portadores de sinais eletromagnéticos e instalados corretamente, tendo em vista a monitorização do impacto que podem vir a ter no retrato ambiental, sobretudo no declínio de espécies. Devemos, portanto, aceder a instrumentos e técnicas que possibilitem o estudo mais aprofundado da radiação eletromagnética, impedindo assim, desastres que possam envolver as condições ambientais e a vida dos seres vivos. Assim, com o crescimento da Ciência, pretende-se, cada vez mais, dar ênfase à regulamentação de implementação das tecnologias RFID bem como ao seu aperfeiçoamento. O ambiente consegue adaptar-se e sobreviver à ausência do Homem e à sua pegada tecnológica; já o oposto não acontece.

Artigo de Gonçalo Almeida.